domingo, 1 de agosto de 2010

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A HISTÓRIA DOS COSMÉTICOS






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terça-feira, 15 de junho de 2010

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Poliamor: um amor nada egoísta

A possibilidade de relacionamentos livres sob a ótica da psicoterapeuta Regina Navarro Lins

Foto: Getty Images

Poliamor: você encara essa?

Suzana, 42 anos, arquiteta, foi casada três vezes e está separada há cinco anos. Sua última separação ocorreu quando ela percebeu que, além do marido, amava outro homem. Apesar de não desejar a separação, não teve outro jeito. O marido não aceitou essa situação. Tiveram sérias brigas e a ruptura não foi nada tranquila. A partir daí, Suzana decidiu mudar o padrão de sua vida amorosa. “Não quero mais saber de ter um único parceiro fixo e estável para tudo, e ter uma vida cheia de regras. Não estou mais disposta a me enquadrar em nada. Agora, me tornei adepta do poliamor. Acredito que, da mesma forma que amamos vários filhos e amigos, podemos ter relações amorosas/sexuais com várias pessoas ao mesmo tempo.”

Muitos se surpreendem com o relato acima. Entretanto, sabemos que o amor é uma construção social. Quando analisamos a sua história constatamos que os comportamentos amorosos e as expectativas em relação à própria vida a dois variam de época e lugar. Há enormes diferenças, por exemplo, entre o amor vivido na Grécia clássica, na Idade Média, no século XVIII e na atualidade.

A partir da primeira metade do século XX, temos sido regidos pelo mito do amor romântico. Este tipo de amor, calcado na idealização do outro e na ideia de fusão entre os amantes, na qual um só tem olhos para o outro, deixa de ser atraente. Está surgindo uma nova dimensão do amor, onde há mais troca e tentativa de um equilíbrio, sem sacrifícios. As fantasias do amor romântico se baseiam na dependência entre os amantes. Por essa razão, elas não conseguem mais satisfazer os anseios daqueles que pretendem se relacionar com seus parceiros como eles são e viver de forma mais independente.

Concordo com o psicanalista Jurandir Freire Costa quando diz que “o amor erótico não é apenas uma atração sexual acompanhada de sentimentos ternos — enlevo, carinho, preocupação, cuidado, dedicação, devoção etc.— ou violentos — desejos de posse exclusiva, ciúmes, desconfianças, rivalidades etc. Pensar no amor dessa maneira já faz parte do aprendizado amoroso, pois significa estar convencido de que ele foi sempre o que é hoje, ou seja, uma emoção sem memória e sem história.”

Acredito que a tendência seja o desejo de viver um amor baseado na amizade. Para isso são necessárias novas estratégias, novas táticas por meio de experiências nunca antes tentadas. O amor romântico começa a sair de cena, levando com ele a idealização do par amoroso, com a ideia dos dois se transformar num só e, consequentemente, a exigência de exclusividade. Com isso, abre-se a possibilidade de se amar e de se relacionar sexualmente com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. O poliamor deve ampliar, portanto, o espaço que ocupa na vida amorosa do mundo ocidental.

No poliamor as pessoas podem estabelecer relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários (as) parceiros (as) simultaneamente. Poliamor como movimento existe de um modo visível e organizado nos Estados Unidos nos últimos vinte anos, acompanhado de perto por movimentos na Alemanha e Reino Unido. Recentemente, a imprensa começou a cobrir abertamente quer o movimento poliamor em si, quer episódios que lhe são ligados. Em novembro de 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Poliamor em Hamburgo, Alemanha.

Nesse tipo de amor uma pessoa pode amar seu parceiro fixo e amar também as pessoas com quem tem relacionamentos extraconjugais ou até mesmo ter relacionamentos amorosos múltiplos em que há sentimento de amor recíproco entre todas as partes envolvidas. Os poliamoristas argumentam que não se trata de procurar obsessivamente novas relações pelo fato de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas sim de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente. Para eles, o poliamor pressupõe uma total honestidade na relação. Não se trata de enganar nem magoar ninguém. Tem como princípio que todas as pessoas envolvidas estão a par da situação e se sentem confortáveis com ela. A idéia principal é admitir essa variedade de sentimentos que se desenvolvem em relação a várias pessoas, e que vão para além da mera relação sexual.

Nan Wise, uma psicoterapeuta americana que pratica o poliamor, reconhece que é preciso muita estabilidade emocional. Ela é casada com John Wise há 24 anos e os dois mantêm uma relação amorosa com outro casal, Júlio e Amy. Como muitas dessas relações, Nan tem com John sua “relação primária”, e com Júlio e Amy uma relação secundária, termos que servem para atribuir níveis de importância a quem participa de um mesmo grupo.

Embora a relação amorosa entre três ou mais pessoas permaneça à margem da sociedade, os que a praticam são cada vez mais visíveis ao compartilhar sua experiência. Diversos sites oferecem desde dicas para a relação entre poliamantes até músicas, ensaios, artigos de opinião, filmes e literatura de ficção sobre o assunto. A Polyamory Society é uma organização sem fins lucrativos que promove e apóia os interesses de indivíduos com relacionamentos ou famílias múltiplas.

Para a escritora americana Barbara Foster, que estuda o poliamor e o pratica com seu marido há mais de 20 anos, se trata de um movimento social muito importante e que está na moda. Os poliamoristas advertem que essa prática amorosa é uma escolha, assim como é a monogamia, e traz consigo tantos ou mais desafios. Ela definitivamente não é uma solução para um mau casamento ou outros problemas de relacionamento.

Naturalmente, ninguém chega ao poliamor de uma hora para outra, isto é resultado de um longo processo de desenvolvimento pessoal, do qual, por enquanto, poucos são capazes. É necessária toda uma revisão de conceitos, de condicionamentos culturais e emocionais, para ver as coisas a partir de outro paradigma. Entretanto, os poliamoristas também sustentam o direito de qualquer um optar pela monogamia como escolha de vida e acreditam que essa seja a escolha certa para muitas pessoas.

A psicóloga americana Deborah Anapol, autora do livro Polyamory: The New Love Without Limits diz: "Nossa cultura coloca tanta ênfase na monogamia de modo que poucas pessoas se dão conta de que podem decidir sobre quantos parceiros amorosos/sexuais desejam ter. Ainda mais difícil de aceitar é a ideia de que uma relação de múltiplos parceiros possa ser estável, responsável, consensual, enriquecedora e duradoura. Poliamor não é sinônimo de promiscuidade".

É importante ressaltar que o poliamor não é a única forma satisfatória de relacionamento amoroso. Cada pessoa deve ter o direito de escolher a que mais se adapta às suas necessidades e características de personalidade. Mário Polly, um adepto dessa prática, diz que “provavelmente, muitos anos irão passar ainda até que o poliamor seja uma forma de relacionamento universalmente aceita e praticada sem barreiras legais e preconceitos sociais. As pessoas que estão praticando o poliamor atualmente são como desbravadores de um novo continente, abrindo caminhos para chegar onde nenhum homem jamais esteve e tornar realidade a utopia de que novas formas de relacionamento são possíveis como alternativa à antiga ditadura da monogamia compulsória”.

Fonte: Delas

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sábado, 12 de junho de 2010

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quarta-feira, 7 de abril de 2010

FENOMENAL. COMPARTILHE, REPASSE, DIVULGUE!

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Os Dez Mandamentos (versão revisada e ampliada)




Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. O artigo é de Ladislau Dowbor. (Charge de Santiago).


Como sociedade, desejamos não somente sobreviver, mas viver com qualidade de vida, e porque não, com felicidade. E isto implica elencarmos de forma ordenada os resultados mínimos a serem atingidos, com os processos decisórios correspondentes. Os Mandamentos abaixo elencados têm um denominador comum: todos já foram experimentados e estão sendo aplicados em diversas regiões do mundo, setores ou instâncias de atividade. São iniciativas que deram certo, e cuja generalização, com as devidas adaptações e flexibilidade em função da diversidade planetária, é hoje viável. Não temos a ilusão relativamente à distância entre a realidade política de hoje e as medidas sistematizadas abaixo. Mas pareceu-nos essencial, de toda forma, elencar de forma organizada as medidas necessárias, pois ter um norte mais claro ajuda na construção de uma outra governança planetária. Não estão ordenadas por ordem de importância, pois a maioria tem implicações simultâneas e dimensões interativas. Mas todos os mandamentos deverão ser obedecidos, pois a ira dos elementos nos atingirá a todos, sem precisar esperar a outra vida.

Considerando que a obediência à versão original dos Dez Mandamentos foi apenas aleatória, desta vez o Autor teve a prudência de acrescentar a cada Mandamento uma nota de explicação, destinada em particular aos impenitentes.

I – Não comprarás os Representantes do Povo
Resgatar a dimensão pública do Estado: Como podemos ter mecanismos reguladores que funcionem se é o dinheiro das corporações a regular que elege os reguladores? Se as agências que avaliam risco são pagas por quem cria o risco? Se é aceitável que os responsáveis de um banco central venham das empresas que precisam ser reguladas, e voltem para nelas encontrar emprego?

Uma das propostas mais evidentes da última crise financeira, e que encontramos mencionada em quase todo o espectro político, é a necessidade de se reduzir a capacidade das corporações privadas ditarem as regras do jogo. A quantidade de leis aprovadas no sentido de reduzir impostos sobre transações financeiras, de reduzir a regulação de banco central, de autorizar os bancos a fazerem toda e qualquer operação, somado com o poder dos lobbies financeiros tornam evidente a necessidade de se resgatar o poder regulador do estado, e para isto os políticos devem ser eleitos por pessoas de verdade, e não por pessoas jurídicas, que constituem ficções em termos de direitos humanos. Enquanto não tivermos financiamento público das campanhas, políticas que representem os interesses dos cidadãos, prevalecerão os interesses econômicos de curto prazo, os desastres ambientais e a corrupção.

II – Não Farás Contas erradas
As contas têm de refletir os objetivos que visamos. O PIB indica a intensidade do uso do aparelho produtivo, mas não nos indica a utilidade do que se produz, para quem, e com que custos para o estoque de bens naturais de que o planeta dispõe. Conta como aumento do PIB um desastre ambiental, o aumento de doenças, o cerceamento de acesso a bens livres. O IDH já foi um imenso avanço, mas temos de evoluir para uma contabilidade integrada dos resultados efetivos dos nossos esforços, e particularmente da alocação de recursos financeiros, em função de um desenvolvimento que não seja apenas economicamente viável, mas também socialmente justo e ambientalmente sustentável. As metodologias existem, aplicadas parcialmente em diversos países, setores ou pesquisas.

A ampliação dos indicadores internacionais como o IDH, a generalização de indicadores nacionais como os Calvert-Henderson Quality of Life Indicators nos Estados Unidos, as propostas da Comissão Stiglitz/Sen/Fitoussi, o movimento FIB – Felicidade Interna Bruta – todos apontam para uma reformulação das contas. A adoção em todas as cidades de indicadores locais de qualidade de vida – veja-se os Jacksonville Quality of Life Progress Indicators – tornou-se hoje indispensável para que seja medido o que efetivamente interessa: o desenvolvimento sustentável, o resultado em termos de qualidade de vida da população. Muito mais do que o produto (output), trata-se de medir o resultado (outcome).

III – Não Reduzirás o Próximo à Miséria
Algumas coisas não podem faltar a ninguém. A pobreza crítica é o drama maior, tanto pelo sofrimento que causa em si, como pela articulação com os dramas ambientais, o não acesso ao conhecimento, a deformação do perfil de produção que se desinteressa das necessidades dos que não têm capacidade aquisitiva. A ONU calcula que custaria 300 bilhões de dólares (no valor do ano 2000) tirar da miséria um bilhão de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia. São custos ridículos quando se considera os trilhões transferidos para grupos econômicos financeiros no quadro da última crise financeira. O benefício ético é imenso, pois é inaceitável morrerem de causas ridículas 10 milhões de crianças por ano. O benefício de curto e médio prazo é grande, na medida em que os recursos direcionados à base da pirâmide dinamizam imediatamente a micro e pequena produção, agindo como processo anticíclico, como se tem constatado nas políticas sociais de muitos países. No mais longo prazo, será uma geração de crianças que terão sido alimentadas decentemente, o que se transforma em melhor aproveitamento escolar e maior produtividade na vida adulta. Em termos de estabilidade política e de segurança geral, os impactos são óbvios. Trata-se do dinheiro mais bem investido que se possa imaginar, e as experiências brasileira, mexicana e de outros países já nos forneceram todo o know-how correspondente. A teoria tão popular de que o pobre se acomoda se receber ajuda, é simplesmente desmentida pelos fatos: sair da miséria estimula, e o dinheiro é simplesmente mais útil onde é mais necessário.

IV – Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu Pão
Universalizar a garantia do emprego é viável. Toda pessoa que queira ganhar o pão da sua família deve poder ter acesso ao trabalho. Num planeta onde há um mundo de coisas a fazer, inclusive para resgatar o meio ambiente, é absurdo o número de pessoas sem acesso a formas organizadas de produzir e gerar renda. Temos os recursos e os conhecimentos técnicos e organizacionais para assegurar, em cada vila ou cidade, acesso a um trabalho decente e socialmente útil. As experiências de Maharashtra na Índia demonstraram a sua viabilidade, como o mostram as numerosas experiências brasileiras, sem falar no New Deal da crise dos anos 1930. São opções onde todos ganham: o município melhora o saneamento básico, a moradia, a manutenção urbana, a policultura alimentar. As famílias passam a poder viver decentemente, e a sociedade passa a ser melhor estruturada e menos tensionada. Os gastos com seguro-desemprego se reduzem. No caso indiano, cada vila ou cidade é obrigada a ter um cadastro de iniciativas intensivas em mão de obra.

Dinheiro emprestado ou criado desta forma representa investimento, melhoria de qualidade de vida, e dá excelente retorno. E argumento fundamental: assegura que todos tenham o seu lugar para participar na construção de um desenvolvimento sustentável. Na organização econômica, além do resultado produtivo, é essencial pensar no processo estruturador ou desestruturador gerado. A pesca oceânica industrial pode ser mais produtiva em volume de peixe, mas o processo é desastroso, tanto para a vida no mar como para centenas de milhões de pessoas que viviam da pesca tradicional. A dimensão de geração de emprego de todas as iniciativas econômicas tem de se tornar central. Assegurar a contribuição produtiva de todos, ao mesmo tempo que se augmenta gradualmente o salário mínimo e se reduz a jornada, leva simplesmente a uma prosperidade mais democrática.

V – Não Trabalharás Mais de Quarenta Horas
Podemos trabalhar menos, e trabalharemos todos, com tempo para fazermos mais coisas interessantes na vida. A sub-utilização da força de trabalho é um problema planetário, ainda que desigual na sua gravidade. No Brasil, conforme vimos, com 100 milhões de pessoas na PEA, temos 31 milhões formalmente empregadas no setor privado, e 9 milhões de empregados públicos. A conta não fecha. O setor informal situa-se na ordem de 50% da PEA. Uma imensa parte da nação “se vira” para sobreviver. No lado dos empregos de ponta, as pessoas não vivem por excesso de carga de trabalho. Não se trata aqui de uma exigência de luxo: são incontáveis os suicídios nas empresas onde a corrida pela eficiência se tornou simplesmente desumana. O stress profissional está se tornando uma doença planetária, e a questão da qualidade de vida no trabalho passa a ocupar um espaço central. A redistribuição social da carga de trabalho torna-se hoje uma necessidade. As resistências são compreensíveis, mas a realidade é que com os avanços da tecnologia os processos produtivos tornam-se cada vez menos intensivos em mão de obra, e reduzir a jornada é uma questão de tempo. Não podemos continuar a basear o nosso desenvolvimento em ilhas tecnológicas ultramodernas enquanto se gera uma massa de excluídos, inclusive porque se trata de equilibrar a remuneração e, consequentemente, a demanda. A redução da jornada não reduzirá o bem estar ou a riqueza da população, e sim a deslocará para novos setores mais centrados no uso do tempo livre, com mais atividades de cultura e lazer. Não precisamos necessariamente de mais carros e de mais bonecas Barbie, precisamos sim de mais qualidade de vida.

VI – Não Viverás para o Dinheiro
A mudança de comportamento, de estilo de vida, não constitui um sacrifício, e sim um resgate do bom senso. Neste planeta de 7 bilhões de habitantes, com um aumento anual da ordem de 75 milhões, toda política envolve também uma mudança de comportamento individual e da cultura do consumo. O respeito às normas ambientais, a moderação do consumo, o cuidado no endividamento, o uso inteligente dos meios de transporte, a generalização da reciclagem, a redução do desperdício – há um conjunto de formas de organização do nosso cotidiano que passa por uma mudança de valores e de atitudes frente aos desafios econômicos, sociais e ambientais.

No apagão energético do final dos anos 90 no Brasil, constatou-se como uma boa campanha informativa, o papel colaborativo da mídia, e a punição sistemática dos excessos permitiu uma racionalização generalizada do uso doméstico da energia. Esta dimensão da solução dos problemas é essencial, e envolve tanto uma legislação adequada, como sobretudo uma participação ativa da mídia.

Hoje 95% dos domicílios no Brasil têm televisão, e o uso informativo inteligente deste e de outros meios de comunicação tornou-se fundamental. Frente aos esforços necessários para reequilibrar o planeta, não basta reduzir o martelamento publicitário que apela para o consumismo desenfreado, é preciso generalizar as dimensões informativas dos meios de comunicação. A mídia científica praticamente desapareceu, os noticiários navegam no atrativo da criminalidade, quando precisamos vitalmente de uma população informada sobre os desafios reais que enfrentamos. A pergunta a se fazer a cada ato de conusmo, não é só se “é bom para mim”, mas se é bem para o planeta e o bem comum, e buscar um equilíbrio razoável. A opção individual é essencial, mas não suficiente.

Grande parte da mudança do comportamento individual depende de ações públicas: as pessoas não deixarão o carro em casa (ou deixarão de tê-lo) se não houver transporte público, não farão reciclagem se não houver sistemas adequados de coleta. Precisamos de uma política pública de mudança do comportamento individual.

VII – Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros
Racionalizar os sistemas de intermediação financeira é viável. A alocação final dos recursos financeiros deixou de ser organizada em função dos usos finais de estímulo e orientação de atividades econômicas e sociais, para obedecer às finalidades dos próprios intermediários financeiros. A atividade de crédito é sempre uma atividade pública, seja no quadro das instituições públicas, seja no quadro dos bancos privados que trabalham com dinheiro do público, e que para tanto precisam de uma carta-patente que os autorize a ganhar dinheiro com dinheiro dos outros. A recente crise financeira de 2008 demonstrou com clareza o caos que gera a ausência de mecanismos confiáveis de regulação no setor. Nas últimas duas décadas, temos saltado de bolha em bolha, de crise em crise, sem que a relação de forças permita a reformulação do sistema de regulação em função da produtividade sistêmica dos recursos. Enquanto não se gera uma relação de forças mais favorável, precisamos batalhar os sistemas nacionais de regulação financeira. O dinheiro não é mais produtivo onde rende mais para o intermediário: devemos buscar a produtividade sistêmica de um recurso que é público.

A Coréia do Sul abriu recentemente um financiamento de 36 bilhões de dólares para financiar transporte coletivo e alternativas energéticas, gerando com isto 960 mil empregos. O impacto positivo é ambiental pela redução de emissões, é anti-cíclico pela dinamização da demanda, é social pela redução do desemprego e pela renda gerada, é tecnológico pelas inovações que gera nos processos produtivos mais limpos. Tem inclusive um impacto raramente considerado, que é a redução do tempo vida que as pessoas desperdiçam no transporte. Trata-se aqui, evidentemente, de financiamento público, pois os bancos comerciais não teriam esta preocupação, nem esta visão sistêmica. (UNEP,Global Green New Deal, 2009). Em última instância, os recursos devem ser tornados mais acessíveis segundo que os objetivos do seu uso sejam mais produtivos em termos sistêmicos, visando um desenvolvimento mais inclusivo e mais sustentável. A intermediação financeira é um meio, não é um fim.

Particular atenção precisa ser dada aos intermediários que ganham apenas nos fluxos entre outros intermediários – com papéis que representam direitos sobre outros papéis – e que têm tudo a ganhar com a maximização dos fluxos, pois são remunerados por comissões sobre o volume e ganhos, e geram portanto volatilidade e pro-ciclicidade, com os monumentais volumes que nos levaram por exemplo a valores em derivativos da ordem de 863 trilhões de dólares em junho de 2008, 15 vezes o PIB mundial. A intermediação especulativa – diferentemente das intermediação de compras e vendas entre produtores e utilizadores finais – apenas gera uma pirâmide especulativa e insegurança, além de desorganizar os mercados e as políticas econômicas (1).

VIII – Não Tributarás Boas Iniciativas
A filosofia do imposto, de quem se cobra, e a quem se aloca, precisa ser revista. Uma política tributária equilibrada na cobrança, e reorientada na aplicação dos recursos, constitui um dos instrumentos fundamentais de que dispomos, sobretudo porque pode ser promovida por mecanismos democráticos. O eixo central não está na redução dos impostos, e sim na cobrança socialmente mais justa e na alocação mais produtiva em termos sociais e ambientais. A taxação das transações especulativas (nacionais ou internacionais) deverá gerar fundos para financiar uma série de políticas essenciais para o reequilíbrio social e ambiental. O imposto sobre grandes fortunas é hoje essencial para reduzir o poder político das dinastias econômicas (10% das famílias do planeta é dono de 90% do patrimônio familiar acumulado no planeta). O imposto sobre a herança é fundamental para dar chances a partilhas mais equilibradas para as sucessivas gerações. O imposto sobre a renda deve adquirir mais peso relativamente aos impostos indiretos, com alíquotas que permitam efetivamente redistribuir a renda. É importante lembrar que as grandes fortunas do planeta em geral estão vinculadas não a um acréscimo de capacidades produtivas do planeta, e sim à aquisição maior de empresas por um só grupo, gerando uma pirâmide cada vez mais instável e menos governável de propriedades cruzadas, impérios onde a grande luta é pelo controle do poder financeiro, político e midiático, e a apropriação de recursos naturais.

O sistema tributário tem de ser reformulado no sentido anti-cíclico, privilegiando atividades produtivas e penalizando as especulativas; no sentido do maior equilíbrio social ao ser fortemente progressivo; e no sentido de proteção ambiental ao taxar emissões tóxicas ou geradoras de mudança climática, bem como o uso de recursos naturais não renováveis (2).

O poder redistributivo do Estado é grande, tanto pelas políticas que executa – por exemplo as políticas de saúde, lazer, saneamento e outras infra-estruturas sociais que melhoram o nível de consumo coletivo – como pelas que pode fomentar, como opções energéticas, inclusão digital e assim por diante. Fundamental também é a política redistributiva que envolve política salarial, de previdência, de crédito, de preços, de emprego.

A forte presença das corporações junto ao poder político constitui um dos entraves principais ao equilíbrio na alocação de recursos. O essencial é assegurar que todas as propostas de alocação de recursos sejam analisadas pelo triplo enfoque econômico, social e ambiental. No caso brasileiro, constatou-se com as recentes políticas sociais (“Bolsa-Família”, políticas de previdência etc.) que volumes relativamente limitados de recursos, quando chegam à “base da pirâmide”, são incomparavelmente mais produtivos, tanto em termos de redução de situações críticas e consequente aumento de qualidade de vida, como pela dinamização de atividades econômicas induzidas pela demanda local. A democratização aqui é fundamental. A apropriação dos mecanismos decisórios sobre a alocação de recursos públicos está no centro dos processos de corrupção, envolvendo as grandes bancadas corporativas, por sua vez ancoradas no financiamento privado das campanhas.

IX – Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento
Travar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis não faz o mínimo sentido. A participação efetiva das populações nos processos de desenvolvimento sustentável envolve um denso sistema de acesso público e gratuito à informação necessária. A conectividade planetária que as novas tecnologias permitem constitui uma ampla via de acesso direto. O custo-benefício da inclusão digital generalizada é simplesmente imbatível, pois é um programa que desonera as instâncias administrativas superiores, na medida em que as comunidades com acesso à informação se tornam sujeitos do seu próprio desenvolvimento. A rapidez da apropriação deste tipo de tecnologia até nas regiões mais pobres se constata na propagação do celular, das lan houses mais modestas. O impacto produtivo é imenso para os pequenos produtores que passam a ter acesso direto a diversos mercados tanto de insumos como de venda, escapando aos diversos sistemas de atravessadores comerciais e financeiros. A inclusão digital generalizada é um destravador potente do conjunto do processo de mudança que hoje se torna indispensável.

O mundo frequentemente esquece que 2 bilhões de pessoas ainda cozinham com lenha, área em que há inovações significativas no aproveitamento calórico por meio de fogões melhorados. Tecnologias como o sistema de cisternas do Nordeste, de aproveitamento da biomassa, de sistemas menos agressivos de proteção dos cultivos etc., constituem um vetor de mudança da cultura dos processos produtivos. A criação de redes de núcleos de fomento tecnológico online, com ampla capilaridade, pode se inspirar da experiência da Índia, onde foram criados núcleos em praticamente todas as vilas do país. O World Economic and Social Survey 2009 é particularmente eloquente ao defender a flexibilização de patentes no sentido de assegurar ao conjunto da população mundial o acesso às informações indispensáveis para as mudanças tecnológicas exigidas por um desenvolvimento sustentável.

X – Não Controlarás a Palavra do Próximo
Democratizar a comunicação tornou-se essencial. A comunicação é uma das áreas que mais explodiu em termos de peso relativo nas transformações da sociedade. Estamos em permanência cercados de mensagens. As nossas crianças passam horas submetidas à publicidade ostensiva ou disfarçada. A indústria da comunicação, com sua fantástica concentração internacional e nacional - e a sua crescente interação entre os dois níveis - gerou uma máquina de fabricar estilos de vida, um consumismo obsessivo que reforça o elitismo, as desigualdades, o desperdício de recursos como símbolo de sucesso. O sistema circular permite que os custos sejam embutidos nos preços dos produtos que nos incitam a comprar, e ficamos envoltos em um cacarejo permanente de mensagens idiotas pagas do nosso bolso. Mais recentemente, a corporação utiliza este caminho para falar bem de si, para se apresentar como sustentável e, de forma mais ampla, como boa pessoa. O espectro eletromagnético em que estas mensagens navegam é público, e o acesso a uma informação inteligente e gratuita para todo o planeta, é simplesmente viável. Expandindo gradualmente as inúmeras formas alternativas de mídia que surgem por toda parte, há como introduzir uma cultura nova, outras visões de mundo, cultura diversificada e não pasteurizada, pluralismo em vez de fundamentalismos religiosos ou comerciais.

O fato que mais inspira esperança é a multiplicação impressionante de iniciativas nos planos da tecnologia, dos sistemas de gestão local, do uso da internet para democratizar o conhecimento, da descoberta de novas formas de produção menos agressivas, de formas mais equilibradas de acesso aos recursos. O Brasil neste plano tem mostrado que começar a construir uma vida mais digna para o “andar de baixo”, para os dois terços de excluídos, não gera tragédias para os ricos. Inclusive, numa sociedade mais equilibrada, todos passarão a viver melhor. Tolerar um mundo onde um bilhão de pessoas passam fome, onde 10 milhões de crianças morrem anualmente de causas ridículas, e onde se dilapidam os recursos naturais das próximas gerações, em proveito de fortunas irresponsáveis, já não é possível.

Nesta época interativa, o Altíssimo declarou-se disposto a considerar outros Mandamentos. Sendo o Secretariado do Altíssimo hoje bem equipado, os que por acaso tenham sugestões ou necessitem consultar documentos mais completos, poderão se instruir com outros Assessores, em linha direta sob www.criseoportunidade.wordpress.com. Críticas, naturalmente, deverão ser endereçadas a Instâncias Superiores. Apreciações positivas e sugestões de outros Mandamentos poderão ser enviadas ao blog acima citado, ou no e-mail ladislau@dowbor.org

NOTAS

(1) BIS Quarterly Review, December 2008, Naohiko Baba et al., www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt0812b.pdf p. 26: “In November, the BIS released the latest statistics based on positions as at end-june 2008 in the global over-the-counter (OTC) derivatives markets. The notional amounts outstanding of OTC derivatives continued to expand in the first half of 2008. Notional amounts of all types of OTC contracts stood at $863 trillion at the end of June, 21% higher than six months before”. São 863 trilhões de dólares de derivativos emitidos, frente a um PÌB mundial de cerca de 60 trilhões.

(2) Susan George traz uma ilustração convincente: um bilionário que aplica o seu dinheiro com uma conservadora remuneração de 5% ao ano, aumenta a sua fortuna em 137 mil dólares por dia. Taxar este tipo de ganhos não é “aumentar os impostos”, é corrigir absurdos.

Fonte: Carta Maior

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segunda-feira, 29 de março de 2010

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Bem-vindos à era das crianças por controle remoto

por Leonardo Sakamoto

- Vai já para trás do seu irmão!

Gritou a mãe. E o rapazinho, do alto dos seus cinco ou seis anos, acelerou o seu sedan de brinquedo e foi para perto do irmão, que passeava em um reluzente esportivo azul. Procurei os pés dele empurrando o carro por baixo, no melhor estilo Flinstones, ou mesmo algum pedal. Nada. O brinquedinho era elétrico.

Neste domingo, fui andar de bicicleta no Parque do Povo, aqui na capital paulista, para ver se conseguia reduzir a quantidade de Sakamoto no mundo. O lugar é agradável mas, de fato, não é o “povo” em seu significado mais amplo que o freqüenta e sim uma parte mais abonada dele. Apesar de aberto a todos, não reúne uma pluralidade comparável com a do Ibirapuera, sendo praticamente um reduto da classe média alta que vive em seu entorno. O que não é uma crítica a ele ou a seus freqüentadores. Mas são poucos os lugares em que encontraria uma quantidade perceptível de crianças andando nesses triciclos high-tech.

Quando pequeno, tive um velotrol de plástico, assento rosa e guidão branco e azul, com umas fitinhas que enfeitavam os manetes. A motorização ficava na base dos dois sapatinhos pretos que eu usava por conta do pé chato. Se na minha infância existia um mimo elétrico como esse, eu nunca vi. E mesmo se tivesse visto meus pais não teriam dinheiro para comprá-lo.

Ainda bem. Fico imaginando a geração de crianças que vai crescer com um carrinho elétrico. Certamente, farão menos exercícios que seus amigos que andam de triciclos, serão menos saudáveis – fisicamente falando. Brinquei muito de videogame quando criança, mas também andava de bicicleta, descia a rua com carrinho de rolimã, empinava pipa, jogava taco. Creio que meus pais conseguiram balancear bem os dois tipos de atividades e eu tive sorte de crescer em um bairro afastado do centro, em que a rua me pertencia mais do que eu aos muros da minha casa.

Contando a história a um amigo ele me revelou que o buraco é mais embaixo, pois em lojas especializadas já é possível encontrar esses mesmos carrinhos elétricos com controle remoto. Ou seja, pais guiando os filhos a um toque de botão. Fico sem entender se isso faz parte da paranóia de segurança urbana ou de uma definição de “conforto” que não entra no meu dicionário porque esbarra no significado de “bom senso”. Ou ainda de um tipo de prazer em considerar o próprio filho ou filha um brinquedinho – talvez compensando alguma carência de infância. E eu que achava estranhas aquelas cordinhas presas ao cinto da criança com um sistema de recolhimento de cabo semelhante aos usados para levar os totós para passear.

Talvez isso não tenha nenhum efeito na formação da criança, talvez seja inofensivo. Mas se já é estranho privar a criança de um mínimo de exercício físico, é mais esquisito ainda privá-la da autonomia de guiar o seu carrinho. Que tipo de pessoas estamos gerando com isso? Cidadãos mais obedientes, com uma vida assepticamente programada?

fonte: Blog do Sakamoto

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Super vale a pena ver de novo!


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terça-feira, 2 de março de 2010

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Visite o site!

http://www.sof.org.br/acao2010/


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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Acesse o novo Boca no Trombone, o 2! [www.muitasbocasnotrombone2.blogspot.com]

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Vídeo sensacional:
por que se livrar do PiG(*)

Retrato da concentração dos meios de comunicação existente no Brasil

Retrato da concentração dos meios de comunicação existente no Brasil

O Conversa Afiada reproduz a sugestão do amigo navegante IRR:

Enviado em 22/02/2010 às 13:58

Em tempo, um vídeo curtinho e de uma mensagem muito forte.

Fala para pq a mídia é o que é (uma oligarquia) e não o que os desavisados pensam que elas são. E sobre o direito a comunicação e liberdade.

Intervozes – Levante sua voz
http://vimeo.com/7459748

É um vídeo muito bom, vale a pena você colocar aqui para seus leitores. Fala inclusive das principais famílias, políticos que tem o direito a de*formar opiniões no Brasil.

Intervozes – Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

Fonte: Conversa Afiada

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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Paulistanos reprovam educação na cidade


http://stoa.usp.br/briannaloch/files/286/1153/educacaopublicaesmagada-charge.jpg



Paulistanos reprovam educação pública da cidade de São Paulo, revela pesquisa Ibope


por Simone Harnik, no UOL
Em São Paulo


A educação da cidade de São Paulo merece nota vermelha, na opinião dos paulistanos. Ela recebeu nota 5, em uma escala de 1 a 10 (a média seria 5,5), de acordo com uma pesquisa do Ibope Inteligência, feita a pedido do Movimento Nossa São Paulo.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (19) e fazem parte do Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município). A ideia é medir o nível de satisfação dos moradores da cidade.

A presença de manifestações culturais nas escolas também foi considerada insuficiente pelos entrevistados, e recebeu nota média de 5 pontos. Já a inclusão de portadores de deficiências na rede escolar foi considerada ainda pior: a nota média da cidade foi de 4,3.

A sensação de desigualdade também paira no ambiente escolar. Os paulistanos se mostraram insatisfeitos com o acesso à rede, e deram nota 4,3 para o quesito.

Somente entre os usuários da educação e suas famílias, a opinião é mais favorável aos serviços municipais. Veja as médias na tabela ao lado.

O objetivo do Irbem é formar um conjunto de indicadores que servirão para que a própria sociedade civil, governos, empresas e instituições conheçam as condições e os modos de vida dos cidadãos.

Na primeira fase do processo de formulação do índice foi realizada uma consulta pública pela internet que contou com a participação de 37 mil cidadãos de toda São Paulo. Eles informaram que itens consideravam importantes para a pesquisa.

Com isso, foi realizada uma consulta de 2 a 16 de dezembro de 2009, com 1.512 habitantes de São Paulo com 16 anos ou mais. O Ibope Inteligência, responsável pela medição, estima que a margem de erro seja de três pontos percentuais para cima ou para baixo.

Fonte: Viomundo

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Paulistanos querem fugir da cidade de São Paulo

Insatisfeitos, 57% dos paulistanos deixariam SP se pudessem, diz pesquisa


por Arthur Guimarães
Do UOL Notícias
Em São Paulo


Um estudo encomendado pelo Movimento Nossa São Paulo ao Ibope mostra que a falta de qualidade de vida na metrópole está aborrecendo cada vez mais a população paulistana. Como indica a análise, problemas como a palpitante violência, a carência nos serviços públicos e a falta de consciência coletiva transformam a capital em um lugar quase insuportável.

Dentre as informações tabuladas, um dos dados mais chocantes aponta que 57% dos habitantes mudariam de município se pudessem.

Divulgada nesta terça-feira (19), a pesquisa por amostragem foi feita em dezembro do ano passado e entrevistou 1.512 pessoas, cobrindo todas as regiões de São Paulo e mesclando perfis variados em relação ao sexo, grau de instrução, cor, estado civil e renda.

Com base em itens referentes à qualidade de vida sugeridos por quase 40 mil pessoas, os entrevistados fizeram um diagnóstico da relação que estabelecem com São Paulo. No geral, em uma escala de 1 a 10, os paulistanos deram, em média, a nota 4,8 para avaliar o grau de satisfação com a capital. Dos 174 temas sondados, apenas 39 tiveram "nota azul".

Para Oded Grajew, membro da secretaria executiva da entidade e um dos responsáveis pelo trabalho, a quadro é alarmante - e totalmente previsível. "A maioria dos nossos governantes é representante de seus financiadores de campanha, que normalmente são grupos ligados à especulação imobiliária, que fazem a cidade crescer sem organização", diz.

Além disso, segundo Grajew, a sobrecarga na infraestrutura, a preferência pelo transporte individual e o abandono dos pobres agravam a sensação de caos urbano. "É um lugar com dois rios enormes e sujos, uma poluição tremenda e uma baita insegurança. Quem quer viver assim?", questiona.

Como ele explica, a pesquisa serve exatamente para mostrar o tamanho do problema e pedir ações práticas das autoridades. "Se depender da prefeitura, não ficamos sabendo o nível em que está a situação. Há inclusive uma lei, a 14.173/06, que obriga a administração municipal a divulgar uma série de dados sobre o funcionamento de São Paulo, como tempo de espera em ônibus e hospitais. Mas nem isso é cumprido", afirma.

Segundo ele, já que não há movimentação por parte dos políticos, a sociedade civil organizada está dando um jeito de refletir sobre o quadro. "Cabe a nós fazer esse alertas. Nosso objetivo é dar instrumentos para a população avaliar se a gestão pública está melhorando ou não a qualidade de vida das pessoas", diz.

Para a íntegra da pesquisa, clique aqui


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Existe espaço para Ciro Gomes em São Paulo

por Luiz Carlos Azenha


Moro em São Paulo. E sei, por experiência pessoal, que os paulistanos não estão satisfeitos com a vida que levam na cidade.

Uma pesquisa recente, feita pelo Ibope para o Movimento Nossa São Paulo (leia aqui), mostra que há espaço para uma candidatura corajosa, que esteja disposta a mostrar o mau gerenciamento ou a falta de gerenciamento que é a política oficial dos governos do PSDB/DEM em São Paulo. Não é que não haja governo: há governo para fazer uma ponte bonita sobre o rio Pinheiros para aparecer nos telejornais da TV Globo. Pouco importa que o rio seja podre e o trânsito horrível. Importa o cenário.

Pela pesquisa divulgada segunda-feira, os paulistanos dão nota 5 para a educação pública e 3,8 para a segurança pública; mais de 70% desaprovam a saúde pública e 77% desaprovam o tempo médio de deslocamento na cidade, que é de 2 horas e 43 minutos por dia. Se tivessem chance, 57% dos paulistanos deixariam a cidade.

A pesquisa se refere apenas aos moradores da região metropolitana de São Paulo. Sabemos que os eleitores do interior de São Paulo são mais conservadores, mas uma fatia deles também reclama dos serviços públicos, especialmente dos pedágios. No entorno da capital temos o chamado cinturão vermelho, onde um candidato de oposição à hegemonia PSDB/DEM no estado tem futuro.

Mas esse candidato precisa dizer aos eleitores que São Paulo não é assim por acaso, mas por causa de um modelo de administração que privilegia determinados interesses -- na capital, a especulação imobiliária e o automóvel --, enquanto abandona à própria sorte grande parte dos paulistas e paulistanos, como se vê quando as enchentes atingem bairros pobres.

Esse modelo está apenas se aprofundando. Em vez de dar prioridade absoluta ao transporte público, as grandes obras do atual governador contemplam o automóvel: a ampliação da marginal e do Rodoanel, que em breve serão inauguradas com grande fanfarra. Na marginal, o governador atrairá um número maior de automóveis para as margens de um rio podre, que transborda. Em vez de atacar de frente os problemas, optou por obras que rendem votos mas adiam a solução para o futuro.

Um governo que privilegia o automóvel e não o ser humano, que cobra impostos de todos mas que governa para alguns: estas são as bases gerais de uma candidatura de oposição em São Paulo. Mas exigem alguém como Ciro Gomes para encarná-la. Alguém que não tema o confronto político. Alguém que não faça campanha tentando se disfarçar de tucano.

Fonte: Viomundo

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Heloisa Villela: "Trabalhamos e choramos"

por
Conceição Lemes

Desde quarta-feira, 13 de janeiro, a jornalista Heloisa Villela, correspondente em Washington da TV Record, está no Haiti. Integram a equipe o repórter cinematográfico Joaquim Leite Neto e o produtor Sérgio Bermejo.

Os três voaram da capital dos Estados Unidos para Santiago, na República Dominicana. Daí, prosseguiram a viagem de carro. Foram sete longas horas, com direito a pneu furado, estradas esburacadas e sem asfalto. Os sinais do terremoto surgiram apenas na entrada da capital Porto Príncipe. Estrada rachada, casas tombadas, prédios destruídos. Mas era apenas o começo.

“Dentro da cidade, a realidade é de embrulhar o estômago e cortar o coração. Gente andando para lá e para cá, com malas, cestas, tinas cheias de coisas. Aparentemente, levando o que sobrou, quem sabe para onde”, relata Heloisa Villela, em entrevista ao Viomundo. “ Não sei nem mais que palavras usar para descrever o que acontece, no que se transformou a capital do Haiti. Um amontoado de escombros, de gente perdida, de desesperança.”

Viomundo -- Está hoje no portal do Estadão com informações do jornal O Estado de S. Paulo uma matéria com a seguinte manchete: Sem controle, saqueadores tomam conta no Haiti. É verdade?

Heloisa Villela -- Isso não existe!!! Essa não é realidade no Haiti, inclusive em Porto Príncipe. Querer mostrar que aqui é perigoso, além de leviano e irresponsável, é um desserviço para o trabalho de resgate e de ajuda humanitária. Tanto que todos os jornalistas estão circulando pelas ruas. Mas por conta desse alarme louco de alguns órgaos de imprensa, a ONU não quer deixar médicos e pessoal com caminhões de comida e outras coisas saírem do aeroporto sem escolta. O que, evidentemente, atrapalha e atrasa tudo.

Viomundo -- Será que é o medo que a imprensa branca tem dos pobres e pretos?

Heloisa Villela -- Com certeza, parece. Não passei nenhuma situação de perigo. Só fui bem tratada pelos haitianos, apesar da situação terrível que eles estão enfrentando. Na entrada de carga do aeroporto, deparei com um monte de motoristas da República Dominicana com toneladas de mantimentos. E eles vieram perguntar como conseguir uma escolta. Eu disse a eles que podiam ir sem problema. E eles ficaram mais tranquilos. Quando passaram, fiquei impressionada. Eram cinco caminhões enormes! Imagine se eles ficassem parados...

Viomundo – Você está em Porto Príncipe há uma semana. Antes de chegar, tinha ideia do tamanho da tragédia?

Heloisa Villela – Não! Mas não mesmo! Saí de casa, em Washington, às 5 da manhã de quarta-feira, 12 horas depois do terremoto. E sabia que havia destruição. Mas tanto assim, acho que ninguém ainda imaginava...

Viomundo – No primeiro e-mail que trocamos, na sexta-feira, você disse num trecho: “nós choramos e trabalhamos...” O que te chocou mais quando chegou?

Heloisa Villela – Os corpos… Gente apodrecendo na rua, nas calçadas. Corpos no meio do lixo. Imaginar que a vida termina assim... Quando subimos uma rua do centro da cidade, vimos uma casa funerária destruída mas ainda de pé. Quando cheguei perto, havia mais de 10 corpos lá dentro, meio cobertos com lençóis. Não sai da minha lembrança a imagem que estava ao lado, a cabeça de uma senhora de cabelos grisalhos presos num coque. Uma mulher passou em frente na mesma hora e quase vomitou. Começou a chorar desesperada. Tinha perdido todos os parentes e aquela cena certamente trouxe toda a tristeza e a dor à tona. Eu fiz uma entrevista com ela e quando terminei, também desmoronei.

Mais tarde, fomos a um bairro chamado Petionville, onde mora a classe média alta. Também está no chão. Fomos até uma escola e uma voluntária que trabalha lá nos mostrou o prédio que foi de três andares. Um desabou sobre o outro. Na hora, umas 200 crianças ainda estavam em sala de aula. Essa cena foi difícil aguentar. Olhar no chão peças de quebra-cabeça, cadernos, provas, uniformes…A história da escola realmente acabou comigo...

Viomundo – Que outra imagem te marcou muito?

Heloisa Villela – Eu vi um corpo sendo queimado. Me disseram que era um ladrão. Foi pego em flagrante e a população julgou e condenou na hora.

Viomundo – Em agosto de 2005, você esteve em Nova Orleans, cobrindo o furacão Katrina, outro horror. Daria para fazer um paralelo entre essas duas tragédias?

Heloisa Villela – Andei pensando nisso. É difícil comparar, mas ao mesmo tempo não é. No Katrina, o que deu muita revolta foi ver que as pessoas que morreram no Ninth Ward, uma área bem pobre da cidade, poderiam ter sido salvas. O governo sabia que ia enfrentar um furacão sem precedentes. Mas não disponibilizou ônibus para retirar os moradores que não tinham carro ou saúde para se locomover a pé.

Aqui em Porto Príncipe, dá revolta também, mas fica um pouco mais difícil focar essa raiva. A cidade é um amontoado de gente. A grande maioria, pessoas que vêm em busca de trabalho já que a agricultura foi destroçada e o projeto econômico passou a ser construir fábricas para fazer roupas para os estrangeiros. Todas as griffes famosas, que vendem caríssimo na Quinta Avenida, em Nova York, usam a mão-de-obra barata do Haiti e de outros países. Há a construção precária, barata, a ausência de um código de obras que obrigue as construtoras a fazer casas que resistam a tremores... Como você vê, são várias coisas. É um conjunto de problemas.

Viomundo – O que acha que os haitianos vão pensar depois de tudo isso?

Heloisa Villela – Não sei... Mas tivemos a sorte grande de conhecer um pastor haitiano no caminho, que trouxemos de carro da fronteira para cá. Ele nos apresentou o Pierre, um rapaz que trabalha em vários orfanatos da igreja deles. São 17 orfanatos, com mais de 2.500 crianças no país. Nenhuma morreu!!! O Pierre conversou muito comigo. Lamentava, dizendo: “meu país esta quebrado. Partido”. Mas, em seguida, foi para a política, reclamando que não existe nenhum representante que faça algo pelo povo. Nunca houve. A conclusão dele é de que o Haiti precisa de um outro tipo de político, que atenda às necessidades da população.

Viomundo – Neste momento, o que dói mais?

Heloisa Villela – São os acampamentos gigantescos. As pessoas dormindo em qualquer calçada. Muita gente! É a total desesperança e falta de perspectiva...

Viomundo – Você conseguiu presenciar algum final feliz?

Heloisa Villela – Infelizmente, por enquanto, não. Acompanhamos a tentativa de resgate em uma outra escola. A equipe da República Dominicana, que trabalhava no local, batia nos escombros e ouvia as batidas de volta. Eles estavam entusiasmados e desesperados porque estava muito difícil chegar ao interior do prédio. Não pude ficar para ver o resto da operação porque estava na hora de mandar as imagens do dia para o Brasil, por satélite. Mas assim que ficamos livres novamente, voltei lá e vi dez bolsas plásticas com corpos dentro diante dos escombros…

Viomundo – Desde 2004, o Brasil está no Haiti, integrando a missão de paz das Nações Unidas. O que a população haitiana está achando das tropas brasileiras lá nesta catástrofe?

Heloisa Villela – Por enquanto não tenho nenhuma informação ou observação a este respeito. Tentei dar um pulo na base brasileira para sair com eles [militares brasileiros] pelas ruas, mas encontrei tantas coisas no caminho que acabei não chegando lá. Amanhã, vou tentar novamente. Achei melhor relatar o que está acontecendo com os haitianos em vez de fazer matérias sobre os brasileiros no terremoto do Haiti...

Viomundo – Há informações de que os estadunidenses apoderaram-se do aeroporto de Porto Príncipe e estariam boicotando a aterrissagem de aviões brasileiros e até franceses. É real?

Heloisa Villela – Infelizmente, acho que isso que gera muito ciúme. Mas o fato é que os americanos chegaram em peso, com mais de cinco mil homens e mulheres da marinha, do exército e da aeronáutica. Imediatamente, começaram a arrumar o aeroporto. Ocuparam a torre de controle, com os haitianos, e trouxeram equipamento de rádio, instalado em barracas, próximas da pista, para controlar a chegada e a saída dos vôos. No domingo, por exemplo, dois vôos da FAB estavam listados. Um para chegar pela manhã e outro à tarde. Não sei se pousaram, mas estavam na lista do americano, que respondia pela torre de controle.

Então, realmente não sei se existe boicote. O que eu vi foram vários helicópteros americanos sendo carregados com água e comida enquanto havia sol. Sem parar. Isso, nós temos de admitir, eles sabem e podem fazer muito bem. Têm os equipamentos, o pessoal e o dinheiro. O exército brasileiro, que trabalha duro aqui, até onde eu vi, não havia se mobilizado para restaurar o funcionamento do aeroporto. Os americanos vieram e fizeram o trabalho. E ainda vão fazer muito mais aqui no Haiti, porque eles têm uma população grande de refugiados haitianos em Miami e não querem perder terreno nas Américas. É como disse o sábio Pierre, em uma das longas manhãs, dirigindo para cima e para baixo: “O Chávez [Hugo Chávez, presidente da Venezuela] nos ajudou muito instalando energia elétrica, construindo parques. Os americanos não gostam”.

E é isto mesmo. Os Estados Unidos não querem dar espaço ao Chávez. Por isso vão investir bastante aqui. Se eu fosse haitiana, iria achar ótima a chegada dos americanos e continuaria cultivando a amizade e simpatia dos brasileiros. Usaria toda a ajuda que aparecesse. Então, do ponto de vista deles, que são as vítimas dessa tragédia, ainda bem que os americanos chegaram e o resto do mundo também.

Viomundo – Os Estados Unidos poderiam estar atuando no Haiti desde o início, inclusive com equipes médicas, e não o fizeram. Seria para deixar o caos se estabelecer, depois aparecerem como os salvadores da pátria?

Heloisa Villela – No primeiro momento, acho que ninguém conseguiu ajudar. Era muito caos. Aeroporto fechado, porto danificado… Não sei se dá para dizer que eles podiam ter feito mais e não fizeram. Ninguém fez. Mas acho que essa ajuda é estratégica e humanitária. Dá vontade de vomitar ao ver o Obama chamar o Bush e o Clinton para liderar o fundo de ajuda ao Haiti. Ou seja, todas as políticas erradas adotadas pelos dois terão continuidade na nova administração. Uma pena, mas nenhuma surpresa.

Viomundo – Tem quem diga que o Brasil teria sido escanteado com a chegada dos estadunidenses. Que papel o Brasil desempenha lá agora?

Heloisa Villella – As tropas brasileiras fazem a segurança, como já vinham fazendo. E só poderiam fazer mais se houvesse um incremento de pessoal e equipamentos. Mas diante da imensidão dessa tragédia, não tem o menor sentido essa discussão. Quem faz mais, quem coordena, não me interessa. É como disse uma americana que tem orfanatos aqui: “Entrevista? Não estou interessada. A não ser que vocês tenham comida para as minhas crianças!”

Viomundo – No socorro à população, o que importa é a solidariedade.

Heloisa Villela – Com certeza. Tanto que não vi aqui ainda qualquer discussão sobre a origem de quem está ajudando... Mas parece haver algum tipo de coordenação, que divide as áreas da cidade e entrega para as diferentes equipes. Quem tem uma presença muito marcante, aqui, nas ruas, limpando escombros e trabalhando pesado, são as equipes da República Dominicana, país vizinho do Haiti.

Viomundo – Como está o atendimento dos feridos?

Heloisa Villela – Um caos. Uma tristeza. Tem gente ferida nos acampamentos. Mas os pacientes graves são levados para o hospital, que não tem condição de atender à todo mundo. Várias camas foram improvisadas do lado de fora, onde o sol inclemente não ajuda nada…

Viomundo – Países estão mandando água e alimentos, que não chegam à população como deveriam. Por quê?

Heloisa Villela – Ontem, ouvi na rádio que um depósito de comida da ONU foi invadido pela população e que os americanos, agora, vão fazer a segurança dele. Ainda não vi distribuição de comida nas ruas. Mas vi muita água sendo entregue na rua e jogada do ar, ou entregue em mãos, quando os helicópteros pousam, como foi o caso do voo que eu acompanhei, que também levou caixas com aquela comida do exército. Uma pasta rica em proteína. Mas sei que várias áreas de Porto Príncipe estão intransitáveis. Não se pode passar de carro. Não vi até agora uma organização no sentido de juntar os sobreviventes e desabrigados para facilitar a entrega de água e comida, descobrir quem está vivo e quem está perdido, juntar parentes...

Viomundo – O que vai ser do já tão miserável Haiti?

Heloisa Villela – Impossível de responder. Pobreza e miséria, agora, agravados pela tragédia.No momento, não vejo como essa cidade vai voltar a funcionar, a existir. O país precisa de um mínimo de organização política que nasça de baixo, que realmente represente esse povo. Enquanto a minoria que ganha dinheiro à custa da miséria continuar no poder, o mundo pode ajudar à vontade, mandar muito dinheiro, que a realidade não vai mudar.

Fonte: Viomundo

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Só a reforma agrária para acabar com a escravidão. É o legado de Joaquim Nabuco

Amorim: e ainda somos obrigados a ouvir a Kátia Abreu

Amorim: e ainda somos obrigados a ouvir a Kátia Abreu

“Não há outra solução possível para o mal crônico e profundo do povo senão uma lei agrária que estabeleça a pequena propriedade, e que vos abra um futuro, a vós e vossos filhos, pela posse e cultivo da terra. É preciso que os brasileiros possam ser proprietários de terra, e que o Estado os ajude a sê-lo.”

“A propriedade não tem somente direitos, tem também deveres, e o estado de pobreza entre nós, a indiferença com que todos olham para a condição do povo, não faz honra ao Estado. Eu, pois, se for eleito, não separarei mais as duas questões: a da emancipação dos escravos e a da democratização do solo. Uma é o complemento da outra. Acabar com a escravidão não nos basta; é preciso destruir a obra da escravidão.”

Esses são trechos de um discurso de Joaquim Nabuco, na campanha abolicionista, pronunciado em Recife, na praça de São José do Ribamar, em 5 de novembro de 1884.

Segundo o chanceler Celso Amorim, “ele (Nabuco) levanta pela primeira vez a bandeira de uma lei agrária, a bandeira da constituição da democracia rural”.

Celso Amorim fez nesta segunda feira, na Academia Brasileira de Letras, no Rio, um discurso em homenagem aos cem anos da morte de Joaquim Nabuco.

O título da conferência foi “As duas vidas de Joaquim Nabuco: o reformador e o diplomata”.

A íntegra do excelente pronunciamento de Amorim está aqui.

E ainda temos que ouvir a Kátia Abreu e o Caiado …

Paulo Henrique Amorim


Em tempo
: se o amigo navegante admira Nabuco, como este modesto blogueiro, terá cometido o grave erro de folhear o caderno “Mais”, de domingo. É uma homenagem ginasiana a Nabuco. E tenta transformar Nabuco em refém de uma boutade de Mario de Andrade, que cunhou a expressão “moléstia de Nabuco”, para designar o deslumbramento da elite brasileira com a Europa. Só que Nabuco, aristocrata, fez mais para o Brasil encarar de frente as suas moléstias, como a escravidão, do que o “brasileirismo” de Mario de Andrade ou sua desvairada paulicéia.

Fonte: Conversa Afiada

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Fique em casa. Não vá trabalhar em SP. A cidade amanheceu no caos

Ceagesp alagada /Foto: Reprodução R7

Ceagesp alagada /Foto: Reprodução R7

Com a chuva da madrugada, a cidade de São Paulo voltou ao normal, esta manhã: é o caos.

O engarrafamento é generalizado.

As avenidas marginais desertas, porque os acessos ficaram interditados.

O Vale do Anhangabaú encheu.

O nível dos rios subiu perigosamente.

As obras do Zé Alagão à beira dos rios são um crime ambiental, que ninguém pune.

Casas inundadas.

O rio Tamanduateí saiu do leito.

O córrego Ipiranga idem.

Como a Prefeitura não recolhe o lixo, o espetáculo de sujeira nas ruas é haitiano.

A Central de Abastecimento, a CEAGESP, está completamente alagada – a distribuição de comida será comprometida.

Moradores usam barcos infláveis para andar nas ruas.

Na TV Record, o programa local mostra imagens dramáticas.

Nos intervalos, dois comerciais do “São Paulo trabalhando (sic) por você”.

Desde o início da chuva no início de dezembro, já morreram 52 pessoas em São Paulo, por causa da inépcia das autoridades.

O Governo de Zé Alagão afogou-se.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: grande engarrafamento na Rodovia Dutra a caminho de São Paulo. Caminhoneiro não venha para São Paulo.

Fonte: Conversa Afiada

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